Os alunos que tiram notas boas podem realmente ter entendido tudo o que foi repassado ou simplesmente conseguiram memorizar. Já os que tiram notas baixas podem ter dificuldade de entender ou não querem aprender. O ponto-chave do sucesso ou do fracasso está na curiosidade. Aqueles que se perguntam o motivo de tudo, pesquisam mais sobre os assuntos e se inteiram ao que acontece ao seu redor, têm mais chances de seguirem por um caminho de maiores realizações. Por isso, é papel da escola estimular ir além do básico do conteúdo, porém nem sempre funciona dessa forma.

O ambiente escolar proporciona os primeiros choques de realidade nas crianças, seja por relações sociais ou pelo estudo. São anos com a mesma rotina: acordar, ir para escola e voltar para casa. O ensino fundamental costuma ser mais tranquilo, sem grandes obrigações e pressões. No entanto, com o ensino médio a carga horária fica mais puxada e dependendo da situação, os últimos anos escolares podem ser uma experiência desgastante, devido à pressão para o ingresso na faculdade. No meu último ano escolar, fazíamos todas as quartas-feiras, simulados com 75 questões avaliativas de preparação para o vestibular. Acontece que os professores revisavam por cima os conteúdos para dar conta do cronograma escolar e os alunos não davam conta de estudar todos os conteúdos. Dessa forma, a maioria dos meus colegas, inclusive eu, buscaram aprofundar as disciplinas em cursinhos pré-vestibulares, conciliando os estudos com o ensino médio. Resultado: sobrecarga e maior pressão nos estudos.

Em geral, os professores ensinam de forma supérflua e desestimulante, porque muitas vezes lecionam em áreas diferentes da que se formaram. Podemos observar que nas estatísticas do Censo da Educação de 2015, dos 518 mil professores na rede pública no país, 200 mil dão aulas em áreas diferentes de suas graduações. Dessa forma, é possível inferir que se o professor não é formado na área que está dando aula, fica ainda mais difícil de tornar o conteúdo didático e atrativo para o aluno. “É impossível que um professor consiga encantar os alunos ministrando uma disciplina que ele mesmo não fez”, relata o ministro da Educação, Aloizio Mercadante em matéria para o Nexo Jornal.

Possivelmente os estudantes já escutaram as famosas frases: “essa é a teoria, mas a prática nós não temos tempo para aprofundar” ou “se quiserem saber mais, leiam sobre o assunto”. É importante entender que os alunos são movidos pela curiosidade, ou seja, ir além do conteúdo e entender o que ele representa na prática são fundamentais para o aprendizado, porém a escola foca na parte “chata” e muitas vezes inútil.

Junto com a curiosidade, a ampliação do repertório abre horizontes que permitem aos estudantes uma potencialidade de argumentar, refletir e criticar. Com o ensino raso e supérfluo, fica difícil trilhar um caminho de sucesso. Dados do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) sobre as redações mostram que em 2017, 309.157 receberam nota zero, apenas 53 receberam nota mil e a proficiência média geral ficou na nota 558. São resultados que reafirmam que o papel da escola está frágil. Seja aluno com nota boa ou nota ruim, o sucesso é subjetivo, depende da vontade de aprofundar os estudos.

Discordo do texto “Por que a escola não serve para (quase) nada” no ponto em que somente os maus alunos saem da escola com espírito crítico e imaginação, pois acredito que independentemente de bom ou mau aluno, essas características são dos alunos curiosos e com vontade de ir além do repassado em sala de aula. Ao mesmo tempo, no texto “Que venha a turma dos bancos do fundo”, concordo que ser mau aluno não prenuncia um futuro medíocre, assim como ser um bom aluno não representa ter um futuro brilhante. Reforço a opinião de que um caminho movido de curiosidade pode resultar em profissionais excelentes e cheios de ideias, não importando o passado escolar repleto de notas boas ou ruins.

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